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O salto pela janela

EMISSÃO - 6

A emissão de hoje reveste uma importância particular na vida da beata Alexandrina.

O acontecimento que vou contar passou-se no dia 30 de Março de 1918, portanto no dia em que ela festejava os seus 14 anos.

Alexandrina encontrava-se na sala com a irmã Deolinda e uma amiga delas. Deolinda costurava e elas ajudavam.

A um momento dado elas avistaram três homens que subiam a rua na direcção da casa. Um deles era o antigo patrão da Alexandrina, aquele homem que a tinha tratado tão mal ainda há bem poucos meses.

Deolinda sentiu que poderia haver perigo e fechou a porta à chave.

Pouco depois batiam. Depois de perguntar quem eram e o que desejavam, ela respondeu que não abria, porque eles nada tinha a fazer ali em casa. O antigo patrão da Alexandrina insistiu, mas vendo que nada conseguia, decidiu passar pelo rés-do-chão onde havia um alçapão que dava acesso à sala onde estavam as três raparigas.

Deolinda compreendendo o intento dele colocou a máquina de costura em cima do dito alçapão, para evitar que eles o abram.

Sentindo-se frustrado, o homem cujos maus instintos não deixavam dúvidas, começou a bater no alçapão com um malho que ali se encontrava e acabou par partir algumas tábuas e os três entraram na sala, indo logo ao encontro das três moças desamparadas. Alexandrina dá-nos conta assim:

«Minha irmã, ao ver isto, abriu a porta da sala para fugir, mas essa ficou presa, e eu, ao ver tudo isto, saltei pela janela que estava aberta e que deitava para o quintal.»

O tombo foi tremendo, porque a janela estava a uns quatro metros do chão. Sentiu uma grande dor na espinha e faltar-lhe o folego. Mas logo que se sentiu um pouco recuperada, pegou num pau que ali estava no chão e correu para ir defender a irmã e a amiga, ameaçando de se pôr a gritar se eles não fossem embora.

Temendo que algum vizinho acorresse e os molestasse, os três homens abandonaram as presas e foram embora.

Depois da partida dos tristes e maldosos indivíduos, as três raparigas voltaram ao trabalho que estavam fazendo, como se nada se tivesse passado, prometendo nada dizerem a Maria Ana, a mãe das duas irmãs. Mas ela acabou necessariamente por sabê-lo.

Este salto da Alexandrina teve para ela graves consequências, visto ser o ponto de partida do seu acamamento para sempre.

«Pouco depois — explica ela —, comecei a sofrer mais e toda a gente dizia que foi do salto que dei.»

Visitou vários médicos sem sucesso, tendo um deles — o Dr. João de Almeida, do Porto — dito à mãe que o mal era incurável e que a jovem iria ficar entrevada para sempre.

Continuou a ir à Missa durante algum tempo, mas com muito sacrifício e mesmo com algum receio, porque a maneira como caminhava fazia rir as pessoas que passavam por ela… Ela mesma explica:

«Chegaram a fazer caçoada de mim, do meu modo de andar, da posição que tinha na igreja…, mas eu não podia estar doutra forma.»

Estamos agora longe daquela menina que era travessa e só pensava em fazer marotices à irmã e as amigas…

Uma nova Alexandrina vai nascer na sequência deste incidente grave, uma Alexandrina que em breve se vai oferecer ao Senhor e tornar-se uma alma-vítima, uma santa de Deus à qual podemos e devemos mesmo recorrer.

Afonso Rocha

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