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OS DOGMAS MARIANOS

Nós cristãos, precisamos conhecer os dogmas marianos, pois a formação mariana requer o estudo desses dogmas, do seu conteúdo e seu significado na vida cristã. Os dogmas marianos foram conquistados ao longo da história do cristianismo e fazem parte do patrimônio e da doutrina da Igreja Católica. Podemos dizer que os dogmas marianos glorificam Maria, pois manifesta sua importância para a Igreja, o corpo místico de Cristo.

Na Igreja Católica Apostólica Romana, um dogma é uma verdade absoluta, definitiva, inalterável, in-questionável e inteiramente segura sobre a qual não pode haver nenhuma dúvida. Uma vez proclamado solenemente, nenhum dogma pode ser revogado ou negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar. Por isso, os dogmas integram a base inal-terável de toda a Doutrina Católica e qualquer ca-tólico é obrigado a aderir, aceitar e acreditar nos dogmas de uma maneira irrevogável.

“O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária .”(D39§88)

Os dogmas marianos iluminam a vida espiritual dos cristãos. "Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé, que o iluminam e tornam seguro" (Catecismo da Igreja Católica, nº89).

Os dogmas que fazem referência à Virgem Maria são quatro: dois da Igreja antiga dos primeiros séculos da cristandade - a Maternidade Divina e a Virgindade Perpétua e dois dos tempos modernos - a Imaculada Conceição e a Assunção de Maria.

Podemos definir, sinteticamente, cada Dogma Mariano da seguinte forma:

1. A Maternidade Divina: Maria é a Mãe de Deus ("Theotokos") - Mãe de Jesus homem e Jesus Deus;

2. Virgindade Perpétua: Maria é sempre virgem: antes, durante e depois do parto;

3. A Imaculada Conceição: Maria foi concebida sem pecado original;

4. A Assunção: Maria foi assunta aos céus em corpo e alma.

Cada Dogma Mariano será tratado nos artigos seguintes: Dogmas Marianos - A Maternidade Divina – Parte 2; Dogmas Marianos - A VirgindadePerpétua– Parte 3; Dogmas Marianos - A Imaculada Conceição – Parte 4 e Dogmas Marianos - A Assunção – Parte 5.

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A Maternidade Divina: dogma solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.) e tempos depois, proclamado por outros Concílios universais, o de Calcedônia e os de Constantinopla. Refere-se à Virgem Maria como a verdadeira Mãe de Deus ("Theotokos") ou seja, Maria é Mãe de Jesus - O Verbo Divino em suas duas naturezas (humana e divina). Nesse contexto, cabe ressaltar que Maria ocupa um lugar único e privilegiado em nossa história. Após o seu “fiat”, na anunciação do anjo Gabriel, recebe de DEUS Pai, pela força do Espírito Santo, Aquele que é o princípio meio e fim de toda a humanidade. No que se refere à economia da salvação, a Virgem Maria, contribui para nos tornarmos filhos de DEUS, conforme a Carta encíclica Redemptoris Mater :

“A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, "ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "Abbá! Pai!"" (Gál 4, 4-6).”

De acordo com o Concílio Vaticano II :

 “Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com suas súplicas em todos os seus perigos e necessidades”. (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 66)

De acordo com a Sagrada Escritura, sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora:

Em Isaias (Is 7,14): "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel, Deus conosco."

Em Lucas (Lc 1,35): Arcanjo Gabriel disse a Maria: "O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus".

Em Lucas (1,43): Isabel, cheia do Espírito Santo, saudou Maria dizendo: " Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?”

Em São Paulo (Gl. 4,4): "Mas, chegando a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei."

De acordo com os Santos:

Bem-aventurado João Paulo II: “No momento da Anunciação, respondendo com o seu «fiat», Maria concebeu um homem que era Filho de Deus, consubstancial ao Pai. Portanto, é verdadeiramente a Mãe de Deus, uma vez que a maternidade diz respeito à pessoa inteira, e não apenas ao corpo, nem tampouco apenas à ‘natureza’ humana. Deste modo o nome ‘Theotókos’ — Mãe de Deus — tornou-se o nome próprio da união com Deus, concedido à Virgem Maria.”

Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus".

São Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus".

Santo Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem culpa"

São Tiago: "Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus."

Ao proclamarmos Maria com a Mãe de Deus, afirmamos que o Reino de Deus já está no meio de nós, pois o dogma da maternidade divina assevera que o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, entrou na história humana.

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A Virgindade Perpétua: Este dogma refere-se à Maria sempre virgem: antes, durante e depois do parto e sua concepção milagrosa. Os cristãos dos primeiros séculos proclamaram essa convicção de fé mediante a palavra grega “aeiparthenos” – “sempre virgem”, criado para qualificar de modo particular e eficaz a pessoa de Maria.  No ano 649, durante o Concílio de Latrão, o Papa Matinho I assim afirmou: "Se alguém não confessa de acordo com os santos Padres, propriamente e segundo a verdade, como Mãe de Deus, a santa, sempre virgem e imaculada Maria, por haver concebido, nos últimos tempos, do Espírito Santo e sem concurso viril gerado incorruptivelmente o mesmo Verbo de Deus, especial e verdadeiramente, permanecendo indestruída, ainda depois do parto, sua virgindade, seja condenado".

A expressão “sempre Virgem” é retomada pelo II Concílio de Constantinopla (553), que afirma: o Verbo de Deus, “tendo-Se encarnado na santa gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, nasceu dela” (DS 422). Esta doutrina é confirmada por outros dois Concílios Ecumênicos: o Lateranense IV (1215) (DS 801) e o Concílio de Lião (1274) (DS 852), e pelo texto da definição do dogma da assunção (1950) (DS 3903), no qual a virgindade perpétua de Maria é adotada entre os motivos da sua elevação, em corpo e alma, à glória celeste.

Podemos observar, nos textos da Sagrada Escritura, as várias citações de Maria virgem:

"A virgem conceberá e dará a luz a um filho." (Is 7, 14)

"o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem, o nome da virgem era Maria". (Lc 1, 26)

“'Como será isso, pois não conheço homem algum? '. 'O Espírito Santo virá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra'." (Lc 1, 34-36)

- "José... não temas receber Maria, porque o concebido nela é obra do Espírito Santo". (Mt 1, 20).

Ainda, de acordo com o Magistério: em todos os Símbolos Apostólicos se declara a Fé quando se diz: "Creio em Jesus Cristo... que nasceu da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo" (cf. DZ. 4,5,6,7,19,282). Os Concílios e declarações pontifícias expressam com unanimidade esta verdade. A Sagrada Tradição também nos afirma essa verdade, por meio de escritos dos santos, por exemplo:

“Se com o nascimento de Jesus se houvesse corrompido a integridade da mãe, não haveria nascido de uma virgem, e, portanto, toda a Igreja professaria falsamente que havia nascido de uma virgem". (Santo Agostinho).

"Era necessário que na restauração de Adão por Cristo, a desobediência virginal de Eva fosse desvirtuada e suprimida pela obediência virginal de Maria".( Santo Irineu)

A virgindade perpétua de Maria Santíssima é um milagre operado por Deus e um privilégio concedido e intimamente ligado ao da maternidade divina.

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A Imaculada Conceição: De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (D 39-2§491), ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, "cumulada de graça" por Deus, foi redimida desde a concepção ou seja, foi concebida sem mancha de pecado original. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, na Bula “Ineffabilis Deus”.

“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano foi preservada imune de toda mancha do pecado original.”

De acordo com os Santos:

“A admirável santidade de Maria é fruto da graça de Deus que a cumulou, em vista de sua missão. A Virgem Maria representa o que de mais digno, puro e inocente poderia oferecer esta nossa terra a DEUS, a fim de que o Filho de Deus se dignasse baixar até ela.” (Santo Agostinho)

“Só Maria achou graça diante de Deus (LC 1,30) sem auxilio de qualquer outra criatura.” (São Luis Maria Grignon de Monfort)

De acordo com a Tradição, desde os primeiros séculos:

São Tiago Menor que realizou o esquema da liturgia da Santa Missa escreveu: "Prestemos homenagem, principalmente, à Nossa Senhora, à Santíssima Imaculada, abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria..." (S. Jacob in Liturgia sua).

São Marcos na liturgia que deixou às igrejas do Egito serve-se de expressões semelhantes: "Lembremo-nos, sobre tudo, da Santíssima, intermerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".

Cabe ressaltar, que a própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". Também, em sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: "Eu Sou a Imaculada Conceição".

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A Assunção: refere-se a que a Mãe de Deus, ao cabo de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950, na Constituição Munificentissimus Deus:"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência.”

Como testemunham os santos:

 "Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus.” (S. João Damasceno)

São Germano de Constantinopla julgava que a incorrupção do corpo da virgem Maria Mãe de Deus, e a sua assunção ao céu são corolários não só da sua maternidade divina, mas até da santidade singular daquele corpo virginal:

"Vós, como está escrito, aparecestes 'em beleza'; o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus de forma que até por este motivo foi isento de desfazer-se em pó; foi, sim, transformado, enquanto era humano, para viver a vida altíssima da incorruptibilidade; mas agora está vivo, gloriosíssimo, incólume e participante da vida perfeita".

O mistério da Assunção da Santíssima Virgem Maria ao Céu leva-nos a refletir sobre o sentido da nossa vida terrena e o nosso fim último: A vida eterna. O bem-aventurado João Paulo II, em Audiência Geral do 9-julho-97, disse: “Maria Santíssima nos mostra o destino final dos que 'escutam a Palavra de Deus e a cumprem'(Lc. 11,28). Nos estimula a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai, e onde também está a humilde escrava de Nazaré, já na glória celestial".

Imaculada e assunta aos céus, Maria é a realização perfeita do projeto de Deus sobre a humanidade. “A Assunção manifesta o destino do corpo santificado pela graça, a criação material participando do corpo ressuscitado de Cristo, e a integridade humana, corpo e alma, reinando após a peregrinação da história” (CNBB - Catequese renovada, no 235). 

Rita de Sá Freire

Em: http://www.a12.com/santuario/academia/artigos.asp

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