A BEATA ALEXANDRINA E O BRASIL

O Brasil acabará certamente por ter um lugar dominante nas visitas ao Sítio Oficial. Isto pode levar-nos a perguntar se é possível encontrar alguma ligação significativa entre a Beata Alexandrina e este grande país sul-americano. A resposta é afirmativa.

Pode-se desde logo dizer que ela tem sangue brasileiro, dando a esta palavra não o sentido comum, mas aquele que a palavra teve muitas vezes em Portugal, quando se falava dos portugueses que emigravam para o Brasil e a quem, depois de regressados ao país de origem, se chamava brasileiros. O pai da Alexandrina era um «brasileiro», neste sentido. Onde viveu ele no Brasil? Desconhece-se.

Mas não se fica por aqui o lugar que o maior país católico do mundo teve para a Alexandrina. Ela pensou nele milhares de vezes. Não foi para lá que ela enviou tantas cartas e donde recebeu outras tantas? As cartas para o P.e Pinho e as do P.e Pinho.

Desconhece-se infelizmente o paradeiro das cartas que o P.e Pinho enviou à Alexandrina – as vindas do Brasil e as vindas dos lugares portugueses onde viveu. Mas provavelmente acabarão por aparecer.

Foi no Brasil, no Recife, que se publicou a primeira biografia da Alexandrina, Uma Vítima da Eucaristia; e o importante livro No Calvário de Balasar saiu em S. Paulo.

O P.e Pinho – poderíamos dizer: o santo P.e Pinho – foi sepultado no Brasil, no Recife, onde viveu significativo período, depois de antes ter estado na Baía. E não se esqueça que ele passou dois períodos da sua vida neste país: muito antes do período do exílio, estivera lá ainda em jovem.

Mas também o P.e Humberto foi ao Brasil: em 1953, a pedido dos bispos brasileiros; no regresso, passou por Portugal e pôde ver pela última vez a sua ilustríssima dirigida.

Foi para o Brasil, para o seu primeiro director, que a Alexandrina enviou estas palavras de Jesus, ouvidas em 7 de Junho de 1952:

 

Diz ao teu Paizinho que ele está todo absorvido dentro do Meu Coração Divino.

É nele que ele sofre, é nele que ele trabalha, é nele que ele vive.

Diz-lhe que as grandes imolações e as grandes crucifixões são próprias dos santos.

Ele será contado no número dos meus eleitos.

Ele há-de ser coroado com a auréola dos santos.

Dá-lhe todo o meu amor com toda a Minha paz, na certeza de que a sua vida dolorosa foi permitida por Mim.

Se ele soubesse o proveito da sua dor! No Céu tudo vai saber e compreender.

Dá-lhe amor, amor com toda a minha riqueza.

Dá-lhe amor, amor com toda a riqueza da Minha Bendita Mãe.

 

E também estas, de 1 de Novembro do mesmo ano, onde a garantia da canonização do P.e Pinho não pode de mais explícita:

Diz ao teu Paizinho que os eleitos do Senhor o esperam. Ele será contado entre eles; como os meus santos, ele será honrado na terra; como eles, subirá às honras dos altares.

Preparo-o para isso pelo sofri-mento. Escolhi-o para luz e guia das almas, missão difícil e espi-nhosa, missão que exige a maior perfeição e sabedoria; missão que exige a ciência das coisas divinas.

Diz-lhe que o Senhor é fidelíssimo, não falta ao que promete.

Diz-lhe que as nuvens se dissipa-ram, o sol apareceu, brilhou.

Dá-lhe todo o meu amor, todo o amor da Trindade Divina e de mi-nha Mãe bendita. 

Vejam-se agora estas duas cartas do P.e Pinho, a primeira em cópia dactilografada e a segunda em fo-tografia do original, mas idas am-bas do Brasil para o P.e Humberto: 

Recife, 28-VIII-62

Meu prezadíssimo amigo Rev. Pe. Pasquale

P. C.

Aproxima-se o dia 1.º de Setembro e quero que esta minha carta – que já há muito devia ter escrito – lhe mostre que não esqueci V. Rev.ma diante de Deus, no dia do seu aniversário natalício. Para-béns!

E agora, muitas desculpas por tanto atraso em agradecer a sua última, com a preciosa relíquia de S. Cottolengo e aquela bela colecção de relicariozinhos da Alexandrina. Foram por aqui tão cobiçados que não tenho nem uma! Mil vezes obrigado.

Desejava mandar-lhe já a nova biografia, mas ainda não saiu do prelo. Logo que saia, irá pelo correio um exemplar. Muitas vezes tenho pensado que este livro devia ter sido feito por nós ambos. Mas V. Rev.cia não veio para o Brasil, como tanto era necessário. O Espírito Santo trabalha por aqui muito em almas de escol, e verdadeiras vítimas. Venha, que encontrará bom terreno para o seu zelo.

Já estou a ver que o novo livro que aí estão publicando chegará aqui primeiro que o meu aí.

O que é pena é que não aparecesse nenhuma coisa em castelhano e em inglês sobre a Vítima de Balasar; seria uma parte enorme do mundo que a ficaria a conhecer. Já tentei, mas nada consegui até hoje. V. Rev.cia, aí na Europa, consegui-lo-á melhor que eu.

Adeus, meu querido Pe. Humberto; em união de orações nos Corações de Jesus e Maria, todo seu,

Pe. Mariano Pinho S.J.

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