Bártolo
Longo nasceu em Latiano, na província de Brindisi, a 10 de Fevereiro
de 1841. De temperamento exuberante, desde jovem se dedicou à dança,
à esgrima e à música. Realizou estudos superiores em particular em
Lecce; após a unificação da Itália em 1863, matriculou-se na
Faculdade de Direito da Universidade de Nápoles.
Foi
conquistado pelo espírito anticlerical que nesse tempo prevalecia na
universidade de Nápoles, a ponto de participar em manifestações
contra o clero e contra o Papa. Duvidoso sobre a religião, deixou-se
atrair pelo espiritismo, então muito popular em Nápoles.
Para
sua sorte, estava ligado por uma firme amizade com o professor
Vincenzo Pepe, seu compatriota e homem religioso, que conhecendo o
seu tormento interior, se aproximou dele, convencendo-o a ter
contacto com o doto padre dominicano Alberto Maria Radente, que com
seus conselhos e a sua doutrina o levou de novo a fé católica e às
práticas religiosas. Entretanto, em 12 de Dezembro de 1864, ele
formou-se em Direito.
Voltou
à sua cidade natal e começou a dedicar-se a uma vida de caridade e a
organizações de caridade. Desistiu do seu casamento, recordando as
palavras do Padre Redentorista Emanuele Ribera: “O Senhor quer de si
grandes coisas, você está destinado a cumprir uma alta missão.”
Superada a inércia, abandonou a profissão de advogado, fez voto de
celibato e voltou para Nápoles para se dedicar a um campo mais vasto
de filantrópica. Ali conheceu o padre franciscano Ludovico Casoriae
e Caterina Volpicelli, duas figuras principais do catolicismo
napolitano do século XIX, ambos fundadores de organizações
caritativas e congregações religiosas (canonizados em 2014 e 2009,
respectivamente).
Foi
através deles que conheceu a boa Condessa Mariana Farnararo, viúva
de Bártolo Fusco. Desde então Bártolo conheceu uma viragem na sua
vida: tornou-se companheiro inseparável nas obras de caridade da
condessa, e acabou por tornar-se o tutor de seus filhos e
administrador de seus bens.
Foi por
esta razão que frequentemente viajou para a cidade de Valle de
Pompeia, no sopé do Vesúvio, onde ela tinha haveres. Percebendo a
ignorância religiosa na qual viviam os camponeses espalhados pela
campanha, começou a ensinar-lhes o catecismo, a orar e,
especialmente a recitar o rosário.
A
piedosa freira, Maria Concetta de Litala, deu-lhe uma velha tela,
muito danificada, representando Nossa Senhora com o Menino Jesus nos
joelhos, entregando o rosário a Santa Catherine de Siena e a São
Domingos de Gusmão. Restaurada da melhor maneira, Bártolo Longo
decidiu levá-la para o Vale de Pompeia. Ele mesmo contou que uma vez
restaurada a colocou em cima de um carro, que fazia o vaivém dos
arredores da cidade para o campo transportando chorume, que então
era usado como fertilizante para os campos. A 13 de Novembro de
1875, a pintura foi exibida na pequena igreja paroquial: a partir
daquele dia Nossa Senhora agradeceu com abundantes graças e
milagres.
A
multidão de peregrinos e devotos cresceu tanto que se tornou
necessário construir uma igreja maior. Sob o conselho do bispo de
Nola (em cujo território se situava o Vale de Pompeia), Dom José
Formisano, a construção do templo começou a 9 de maio de 1876 e foi
concluída em 1887. A pintura de Nossa Senhora, depois de ter sido
devidamente restaurada, foi colocada num belo trono; a imagem foi
então coroada com uma tiara de ouro, adornado com mais de 700 pedras
preciosas e abençoada pelo Papa Leão XIII.
A
construção foi financiada por inúmeras ofertas de dinheiro,
provenientes das muitas associações do Rosário em toda a Itália: em
suma tornou-se um centro de grande espiritualidade, elevada a
Santuário e Basílica Papal.
Bártolo
Longo também estabeleceu um orfanato para meninas, confiando-o ao
cuidado das Irmãs Dominicanas Filhas do Rosário, que ele fundou.
Também fundou o Instituto dos Filhos de Prisioneiros em contraste
com as teorias de Lombroso, que dizia que os filhos de criminosos
são por instinto futuros delinquentes e chamou, para dirigirem este
instituto, os Irmãos das Escolas Cristãs.
Em 1884
tornou-se promotor da revista “O Rosário da Nova Pompeia”, que ainda
hoje é impresso em centenas de milhares de exemplares, distribuídos
em todo o mundo; a impressão foi confiada à tipografia que ele
fundou para procurar um futuro aos seus órfãos. Outras obras anexas
são jardins da infância, escolas, lares de idosos, hospitais,
laboratórios, casa do peregrino. O santuário foi ampliado entre 1933
e 1939, com a construção de uma sineira maciça de 80 metros de
altura, um pouco isolado do templo.
Entretanto começaram a chegar calúnias e fofocas sobre a sua
convivência com a Condessa Mariana. Depois de uma audiência
concedida pelo Papa Leão XIII, este propôs-lhe uma solução adequada:
os dois concordaram em se casar com a intenção de viver num amor
fraterno, como tinham feito até então. A cerimónia teve lugar na
capela privada do Vigário Geral de Nápoles, a 1 de Abril de 1885.
Em
1893, Bártolo Longo ofereceu ao Papa Leão XIII a propriedade do
santuário com todas as obras de Pompeia e alguns anos mais tarde,
renunciou à administração que o Pontífice lhe tinha concedido. Num
discurso público, deixou as honras recebidas aos seus órfãos e pediu
para ser enterrado no santuário, perto de sua Nossa Senhora do
Rosário. Quando ele morreu em 5 de Outubro de 1926, foi de facto
enterrado na cripta, no qual três anos mais tarde foi também para
ali transladada a Condessa sua esposa, que morreu em 1924.
Dom
Bártolo, como o chamavam com respeito, à sua chegada, encontrou um
terreno pantanoso e insalubre, devido ao transbordamento do rio
Sarno, praticamente abandonado desde 1659, apesar da história antiga
de Pompeia, uma cidade de mais de 20.000 habitantes destruída na
época romana pela erupção do Vesúvio em 24 de agosto de 79 antes de
Cristo. Quando ele faleceu, deixou uma cidade repovoada, saudável,
girando tudo em volta do santuário e as suas numerosas obras, às
quais, em seguida, veio juntar-se o turismo graças às buscas sobre a
antiga cidade enterrada. Ele, no entanto, não teve tempo de a ver
tornar-se uma cidade independente, chamada simplesmente Pompeia, o
que ocorreu a 29 de marco de 1928.
É sua a
iniciativa da Súplica a Nossa Senhora do Rosário, por ele compilada
que é recitada solenemente e com grande afluência de fiéis no dia 8
de maio e no primeiro domingo de Outubro.
Bártolo
Longo foi beatificado em 26 de Outubro de 1980 por S. João Paulo II.
Antonio Borrelli
Traduzido do italiano por Afonso Rocha |