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AMÓS, PROFETA
-VI a JC

Amós era natural de Técua, uma localidade do reino de Judá, a 8 km a sudeste de Belém. Em 1,1 diz-se que era pastor, e em 7,14 reafirma-se a sua profissão, acrescentando que também cultivava sicómoros. Aparentemente, o seu trabalho de pastor faz dele uma pessoa pobre e sem cultura. Mas, lendo o seu livro, damo-nos conta de que conhece bem a geografia e certos acontecimentos dos países vizinhos, a História sagrada do seu povo e toda a problemática social, política e religiosa de Israel.

Do ponto de vista económico, não deveria ser um simples assalariado; é muito provável que guardasse os rebanhos e cultivasse os terrenos que eram propriedade sua.

Não tinha qualquer relação com a profecia e com os grupos proféticos.

O livro não narra directamente a sua vocação, mas faz-lhe referência em 7,14-15. Ali se pode ver que o Senhor o enviou a profetizar ao povo de Israel, isto é, ao Reino do Norte. Não sabemos quando isso aconteceu, mas foi em tempos do rei Jeroboão, provavelmente entre os anos 760-750 a C.

Deve ter pregado em várias localidades do reino do Norte, até chocar com a oposição dos seus dirigentes em Betel (7,10-13). Isto, muito provavelmente, dificultou-lhe o exercício da acção profética.

ÉPOCA

Depois da divisão dos dois reinos, a seguir à morte de Salomão, o reino do Norte viveu períodos de grande instabilidade. Estava sujeito aos constantes ataques dos reinos arameus do Norte, a lutas internas e consequente perda de territórios e influência.

A situação alterou-se no início do séc. VIII: a Assíria começou a expandir-se, atacou Damasco, o que permitiu a Israel recuperar alguns territórios e reorganizar-se internamente.

Governa então em Israel Joás e, logo a seguir, Jeroboão II. Durante este reinado houve um certo progresso social e económico: a população aumentou, os palácios eram luxuosos, cresceram os recursos agrícolas e desenvolveu-se a indústria. O livro de AMÓS dá-nos conta deste progresso.

A melhoria da situação económica vai ter, no entanto, um reverso da medalha: o pequeno proprietário vê-se sufocado pelos interesses dos mais poderosos, acentua-se a divisão entre ricos e pobres, a ambição dos ricos não conhece fronteiras, geram-se injustiças sociais gritantes e os pobres acabam por ficar à mercê dos que detêm o poder. Empréstimos com juros, hipotecas, serviço como escravo, falsificação dos pesos e das medidas no comércio, corrupção nos tribunais, luxo desmedido dos ricos... – todas estas situações são denunciadas por Amós, como a seguir se pode verificar:

«Nesse contexto, o luxo dos ricos insultava a miséria dos oprimidos e o esplendor do culto disfarçava a ausência de uma religião verdadeira. Amós denunciava essa situação com a rudeza simples e altiva e com a riqueza de imagens típica de um homem do campo.

A palavra de Amós incomodava porque ele anunciava que o julgamento de Deus iria atingir não só as nações pagãs, mas também, e principalmente, o povo escolhido; este já se considerava salvo, mas na prática era pior do que os pagãos (1:3-2:16). Amós não se contentava em denunciar genericamente a injustiça social, ele denunciava especificamente:

·         – os ricos que acumulavam cada vez mais, para viverem em mansões e palácios (3:13-15; 6:1-7), criando um regime de opressão (3:10);

·         – as mulheres ricas que, para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a explorar os fracos (4:1-3);

·         – os que roubavam e exploravam e depois iam ao santuário rezar, pagar dízimo, dar esmolas para aplacar a própria consciência (4:4-12; 5:21-27);

·         – os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro que recebiam dos subornos (2:6-7; 4:1; 5:7.10-13);

·         – os comerciantes ladrões sem escrúpulo que deixavam os pobres sem possibilidades de comprar e vender as mercadorias por preço justo (8:4-8)»

Com a decomposição social, vem também a corrupção religiosa: santuários pagãos, falsidade do culto (tanto se adorava o Senhor como outras divindades; praticava-se o culto para encobrir as injustiças sociais), falsa segurança e complexo de superioridade por pertencer ao povo escolhido.

É nesta situação de prosperidade económica e política, de injustiças e desigualdades sociais, de paganismo e corrupção religiosa que actua o profeta Amós.

Fontes diversas mas mais particularmente:

http://www.paroquias.org/

 

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