― “O Coração de
Jesus com o de sua Santíssima Mãe alegram-se e enchem-se de regozijo com os
sofrimentos da louca, louca de Jesus, da crucificada do calvário e com os
sofrimentos do seu Pai espiritual, que o tem sido é e será por toda a
eternidade. Que meses de tanta honra e glória para o Céu. As almas esposas de
Jesus, as almas martirizadas, a imolarem-se por Jesus e pelas almas. Jesus e
Maria anseiam por verem brilhar no mundo inteiro este farol resplandecente. Os
homens tentam apagá-lo e destruí-lo, mas em vão. Jesus escondido na sua vítima
submete-se aos seus falsos juízos. Jesus escondido na sua vítima sujeita-se à
vontade de seu Pai espiritual e do médico da sua louquinha. Tudo o que fizerem
para glória do Altíssimo, Jesus acolherá bem. Nada seria preciso, Jesus mesmo
não o queria se os ceguinhos quisessem ver. Que cegueira e crueldade! Sujeitam
aos maiores martírios as almas mais amantes de Jesus. Levam às maiores
humilhações aqueles que são as pupilas mais queridas dos olhos de Jesus. Jesus,
o Rei de Amor, tem vencido e sempre vencerá. Ama com toda a loucura de amor as
almas e que amam e rodeiam a sua crucificada. São belos os desígnios de Jesus.
Tudo é encantador o que Ele deixa transparecer através da sua amada”.
Ó meu Jesus, que
grande é o vosso amor para comigo! Dai-me toda a coragem precisa, dai-me o vosso
amor infinito e levai-me para a minha Pátria. Sou do Céu e não da terra, sou
vossa e não do mundo.
― “Em breve vai
o Céu gozar esse grande triunfo, ver entrar nele a maior heroína da humanidade”.
Obrigada, obrigada,
meu Jesus!
― “É com os
laços mais firmes e do mais puro amor que Jesus enleia ao seu divino Coração e
de sua Santíssima Mãe a sua louquinha de amor, a vítima de maior imolação, a
maior alegria e glória do Altíssimo que tem e poderá ter na terra. É com os
mesmos laços de amor que Jesus prende aos mesmos divinos Corações o Pai
espiritual da sua benjamina, o médico e almas amadas que por ela se sacrificam.
As predilecções da heroína do calvário são as predilecções de Jesus. Jesus ama
apaixonadamente a sua benjamina, mais do que às pupilas dos seus olhos. Vai
dar-lhe o Céu. Vai dar-lhe toda a glória e todo o amor para ela distribuir às
almas”.
Ó meu Jesus, são
tão doces as vossas carícias e da vossa querida Mãezinha!
― “É a
recompensa de tanta dor e martírio; é a loucura de amor que Jesus e a Mãezinha
têm pela sua crucificada. É com o mesmo amor que Jesus e Maria ama e se dá às
almas amantes da sua louquinha.
A Santíssima
Trindade inclina-se, o divino Espírito Santo estende os seus raios, irradia-os
sobre este cofre riquíssimo do Santíssimo Coração de Jesus”.
Obrigada, obrigada,
meu Jesus!
Não custam as
nossas ofertas a Jesus; dizer-lhe que todo o corpo é dele, dizer-lhe: Sou vossa
para o martírio e para a cruz; mas quando se sentem os rigores da sua divina
Justiça, quando Ele dá sinal que tomou a sério e as utilizou do nosso frágil
instrumento, para assim salvar o mundo, é de morrer. Que tremenda e aterradora é
a Justiça divina! No dia 21 de Agosto, que era sexta-feira, Jesus veio como de
costume desabafar comigo, mimoseando-me com os seus doces e ternos carinhos.
Neste dia a sua bondade infinita não quis dispensarmos. Tinha que sofrer, tinha
que experimentar o que o Eterno Pai reservava para o mundo culpado, mas
sobretudo para Portugal. Sentia tudo em fogo, tudo em ruínas. Eram tais as
labaredas que incendiavam Portugal, que não deixavam nele pedra sobre pedra, nem
se podia descobrir o maior edifício. Com todas as queixas de Nosso Senhor, com
todo o peso da justiça divina, fiquei deveras assustadíssima durante dois dias e
duas noites. Repetidas vezes todo o meu ser estremecia aterrado de medo. As
labaredas continuavam e eu sentia-me no meio de toda esta destruição. Era
impossível poder resistir a este sofrimento se ele se prolongasse por muito
tempo e se Jesus não tivesse para ele um atenuante. O que vou descrever não juro
que foi a realidade, se bem que me parece poder jurar.
Deviam ser 4 horas
da manhã, formou-se sobre mim um Paraíso. Este era formado só de anjos
formosíssimos, brilhantes como ouro. Só via cabecinhas a asinhas; com estas
esvoaçavam continuamente, fitando-me todos com os seus olhos brilhantes.
Compreendi que aquele bater de asas era a chamar-me para o Paraíso. A minha alma
sentiu tanto conforto que me fez sair fora de mim. Já não vivia na terra e uma
força invisível me fez subir e aproximar-me desses anjinhos. Não sei o que me
sustinha no ar. Desde então, todo esse medo das ameaças do Senhor foi
suavizando, o brilho dos anjos, aquele bater de asas vence tudo o que é dor,
tudo o que ameaça o mundo e Portugal. O Céu pode mais que a terra! O amor de
Jesus é mais forte que a sua divina Justiça! A minha alma obriga-me a descrever
tudo isto deixando ao juízo do meu Pai espiritual se isto foi sonho ou ilusão
minha ou a verdadeira realidade. Parece-me que não dormia e o conforto que me
deu só do Céu podia vir. Foi um remédio divino.
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