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Alexandrina Maria da Costa

SENTIMENTOS DA ALMA

JUNHO
1942

4 de Junho – Dia do Corpo de Deus

— “Não temas, minha filha, o teu Jesus. Quem o possui e ama deveras não o pode temer. Jesus quisera que todos falassem nas bondades do seu divino Coração com toda a simplicidade e amor. Jesus quisera que todos falassem nas bondades do seu divino Coração, da sua ternura, da sua compaixão, do seu perdão. Jesus é louco por todos os filhos seus. Jesus ama-os apaixonadamente e a todos quer dar os tesouros inesgotáveis do seu amável Coração. Jesus a todos quer ver à volta do seu Sacrário a amá-lo e a recebê-lo com aquele amor e carinho como as andorinhas com os seus filhinhos. Que timoratos são os que temem deveras a Jesus e todos aqueles que desconfiam das suas bondades e misericórdia! O amor e a confiança é tudo para a alma que deveras ama e pertence a Jesus!”

Ó Jesus, eu confio plenamente em vós. Vós ides atender ao smeus pedidos, ides, Senhor? E depois ides logo levar-me para o Céu, sim, meu Jesus? Que desejos e saudades eu tenho dele! Não posso viver aqui, meu Jesus! Este exílio é aterrador!

— “Jesus vai alcançar à louquinha da Eucaristia tudo o que ela lhe pede. Jesus não pode deixar de velar e olhar pelo filho predilecto a quem tanto ama! Jesus não pode deixar no momento final a sua esposa em abandono completo. Jesus vai dar-lhe tudo e vai dar-lhe o Céu”.

Obrigada, Jesus, para sempre: um eterno obrigada!

6 de Junho – Primeiro sábado

— “Minha filha, minha filha, Jesus anda como a avezinha que não pode poisar, que não pode descansar. Jesus anda louquinho a pedir amor amor a todos os corações. Que tristeza amar e não ser amado; amar e ser ofendido! Mas ainda bem que a louquinha do amor divino ama-o apaixonadamente, ama-o como Jesus o deseja, ama-o com o amor mais puro e desprendido de tudo o que é terreno; é amor santo, é amor divino. Foi por este amor que Jesus se enlouqueceu pela sua louquinha; é pelo amor da louquinha da Eucaristia que Jesus se apaixona pelas almas que a amam. É por este amor tão puro que Jesus lhe vai dar uma morte de amor, amor, só amor. Jesus está louco de alegria, Jesus está contentíssimo com o Paizinho da sua benjamina querida. São as humilhações por que está a passar que o hão-de glorificar e exaltar. O prémio é grande no Céu e grande será na terra ainda a recompensa. Jesus está louco, louco de alegria com o Sr. Doutor, com o santo cuidado com que ele está a desempenhar tão grande missão. Jesus escolheu-o para velar pela sua crucificada e as almas a quem mais amo. O Coração divino de Jesus está superabundante de graças para derramar sobre todas elas. O mundo, Satanás odeia-as e odiá-las-á. A sua causa é só a soberba e o orgulho: só isso é a razão da sua raiva. Porém Jesus ama-as com sua bendita Mãe, triunfa e vence com elas, e só isso basta”.

Ó meu Jesus, defendei-as sempre, amai-as sempre apaixonadamente, triunfai e vencei com elas. Levai-me então depressa para o Céu para eu fazer descer sobre elas as vossa graças e as vossas bênçãos. Sim, sim, meu Jesus; confio que sim, meu Amor.

— “Está o Céu mais próximo da louquinha de Jesus do que está a terra”.

Levai-me, levai-me então para lá; só por ele suspiro!

6 de Junho, deviam ser 13 horas solares

Estando a Deolinda deitada a meu lado e junto à minha cama, dormindo ela, vi a horrenda figura de Satanás perto de mim entre a cama e o local onde repousava a Deolinda. Satanás estava montado num cão escuro, malhado de preto, e Satanás tinha as mãos de macaco, com seus dedos separados, vestido de vermelho; era um vulto informe, cabeça baixa, olhos levantados para me fitar. Não o vi entrar nem o vi retirar; todavia assustou-me e tentei chamar a Deolinda que, doente dos dentes, dormia por efeito de uma pastilha de Vermon e por isso mesmo não ouviu a minha voz. Creio que a chamei duas vezes; depois desisti de a chamar com pena de lhe perturbar o repouso. Entretanto Satanás desapareceu.

9 de Junho – pelas 13 horas

Em alguns dias precedentes eu ouvia umas harmonias muito suaves, como toques de acordes de instrumentos celestes, executando música angélica; e apreciando a doçura dessa música divina, eu esquecia-me do mundo e da vida terrena, perdia a noção de mim própria e parece que passava a viver numa região estranha onde tudo é ventura e inefável.

Foi então que no dia 9 de Junho de 1942, pelas 13 horas, me apareceu sobre a cama descendo do Céu a figura deslumbrante de Mãezinha que parece se fixou em minha frente um pouco para a minha esquerda. Vestia ricos vestidos brilhantes, de cores variadas, trazia os pés nus, chegou-se a mim para me acariciar e com sua mão direita apontou para o Céu. Parecia comovida com o meu sofrimento a prometer-me a recompensa e a inspirar-me confiança. O trono em que veio era brilhantíssimo como ouro pálido em que o sol projectava os seus mais brilhantes raios. Foi inefável a consolação que me deixou a primeira aparição. Por uns minutos me tem desaparecido para novamente me aparecer, agora mais junto de mim, do lado direito, e pude ver distintamente que agora era o Imaculado Coração de Maria. Também me acariciou como da primeira vez, porém não fez o gesto de apontar o Céu. A sua presença consolou-me profundamente e essa consolação celeste permaneceu na minha alma, que por alguns dias gozou aquele conforto maravilhoso. Este conforto era como que um íman que me elevava para Jesus, sentindo-me então na bem-aventurança.

12 de Junho – Dia do Sagrado Coração de Jesus

De tarde, talvez pelas 18 horas solares, eu vi novamente aquele feixe de raios celestes que me haviam visitado e que tanto me aproximavam do Céu. Agora nova elevação, novo conforto e parece que agora me puseram mesmo juntinho à porta do Paraíso, faltando-me apenas bater e entrar! Deixaram-me umas ânsias devoradoras do Céu, que por vezes me custam a suportar. Parecia-me que tinha duas asinhas para voar e força de voar, mas qualquer coisa me estorvava o movimento das asas; uma pressão sem prisão mo tirava, que eu não vencia, e por isso me angustiava. Todavia a impressão de que essa prisão das minhas asas era qualquer coisa de maldade dos homens contra a vontade do meu amado que suspirava por me receber e por me possuir no seu amor.

27 de Junho

O meu viver: que pequenino sopro de vida! Só corpo para sofrer e nada, nada mais! Que saudades do Céu! Que ânsias tão consumidoras! Os raios divinos arrastaram-me mesmo, mesmo para as portinhas do Céu, mas um não sei quê humano obriga-me a viver na terra, obriga-me à imolação contínua. Não me dão o meu Paizinho. Pobre de mim, e eu não posso esperar mais! Miro e remiro o meu corpo a ver se ainda existe. O que nele se passa só Jesus o conhece. Parece-me que nem posso ter união com Jesus nem ao amor que me há-de matar. O que é a vida da vítima! Contudo não me arrependi pela minha oferta a Jesus e pelas almas. Ele derrama sobre mim de vez em quando os raios do seu amor. Foi no dito dia 27, que era sábado, e eu sem poder rezar redobrava o meu esforço por lhe estar unida na Eucaristia longe de pensar receber dele tão depressa a recompensa. Jesus, eu toda para vós e vós todo para mim. Eu quero estar sempre unida a vós em todas as prisões de amor. Que maravilha! De repente, à minha frente vi um sacrário. A portinha estava fechado, mas por todas as frestazinhas da porta do sacrário saíam numerosos raios dourados; davam toda a luz e todos eles vinham bater e repousar no meu pobre peito. Não foi uma ilusão minha, pois nunca pensei Jesus pagar com tanta generosidade o meu grande esforço.

   

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